Nesta quarta-feira (27.11), no Hotel Grand Mercure, foi realizado mais um debate da série de conversas sobre as obras inscritas na Mostra Competitiva desta 52ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
Mediado pela curadora Anna Karina de Carvalho, o debate contou com as presenças do diretor Francisco Bosco, do longa O mês que não terminou; dos diretores Christina Mariani e Calebe Lopes, do curta Pelano!; da diretora Andréia Kaláboa e do produtor Guto Pasko, do curta Parabéns a você.
Durante as conversas sobre O mês que não terminou, Bosco foi surpreendido por uma série de críticas da plateia alegando que sua obra reforça pontos que fomentam a polarização, e dá razão ao liberalismo implementado no país.
O diretor alegou ter posição político-ideológica de centro-esquerda, reconheceu a postura liberal, mas procurou rechaçar as acusações. "O liberalismo e a esquerda não são incompatíveis. Pelo contrário. Tratar a tradição liberal com esse julgamento é uma ignorância. Vivemos o sintoma de um momento do país, onde as pessoas estão muito machucadas, o país está muito mal, historicamente hierárquico, autoritário e desigual, seja na representação de classe, de gênero e com um racismo estrutural profundo que cria distorções na democracia", afirmou Bosco.
O mês que não terminou analisa o processo institucional e social do país desde junho de 2013 até a eleição de Jair Bolsonaro, investigando a crise do Lulismo, a Lava-Jatoo, o impeachment de Dilma Rousseff e a ascensão das direitas liberal e conservadora. Vídeos de artistas plásticos colaboram para compor a narrativa.
No debate de Pelano!, Mariani e Lopes afirmaram ter feito um curta inspirado no diretor norte-americano Spike Lee. Para isso, buscaram uma representação sensorial ao contar a história de Raquel, que há seis meses está pingando, mas agora sabe que tudo vai derreter.
Encerrando os debates do dia, Kaláboa e Pasko dissertaram sobre as dificuldades em produzir Parabéns a você com pouco dinheiro. A diretora aproveitou para dividir que a inspiração para o roteiro é pessoal. Segundo ela, quando criança, conviveu com todos os desafios da personagem Yiúlia, incluindo os ritos de sua comunidade com a morte.
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